"É essencial que cada um faça sua parte”: geralmente, é com essa frase que terminam todos os textos, artigos, vídeos ou campanhas que vemos por aí sobre
a prevenção e combate ao processo de degradação ambiental em que nos encontramos. A partir daí, a indagação “mas como posso colocar a sustentabilidade em prática?” é mais do
que comum. A separação do lixo para a reciclagem e a economia de energia em medidas simples no dia a dia são exemplos de soluções descomplicadas que refletem que é possível
contribuir para o meio ambiente dentro de casa, e
hoje trataremos de outro processo menos conhecido, mas que já é realidade em residências e pequenas produções do país, em especial nas zonas rurais: a compostagem doméstica.
A alternativa, inclusive, já está em vias de envolver também uma das principais áreas urbanas do país para impulsionar e auxiliar a elaboração de uma política pública que estimule a
prática da compostagem doméstica. O projeto-piloto da prefeitura de São Paulo, “Composta São Paulo”, irá distribuir inicialmente 2 mil composteiras domésticas pelo município, e a meta é
que a ideia se transforme em um programa permanente.
No post de hoje, vamos abordar esse processo simples que contribuí na diminuição dos resíduos produzidos em domicílios. Confira!
A compostagem doméstica ou compostagem caseira é um processo que transforma resíduos orgânicos em adubo de qualidade para hortas e qualquer tipo de cultivo. Diferente da compostagem
voltada à recepção e transformação de grandes volumes de resíduos oriundos de empresas, que em geral é terceirizada, o processo doméstico de compostagem é uma alternativa viável para o
reaproveitamento de resíduos em pequena escala. Como o próprio nome diz, o sistema pode ser realizado nos quintais de casa - com a técnica, estima-se que uma família pode reduzir em mais de
70% o resíduo gerado em seu dia a dia. Imagine o que você poderia reaproveitar com isso: restos de alimentos como cascas de frutas, verduras, cascas e talos, alimentos cozidos ou assados desde que em pequenas
quantidades, borra de café, podas de grama e folhas, serragem não tratada, folhas secas… Se tiver dúvidas do que não deve ser compostado nesse processo, acesse esse link.
Vale lembrar que, assim como a compostagem voltada à reciclagem de grandes volumes de lixo orgânico, a compostagem doméstica está alinhada aos princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos,
que visa eliminar os lixões a céu aberto este ano. A lei é um dos principais focos do supracitado projeto-piloto “Composta São Paulo”, que deseja enquadrar a cidade na determinação de que, a partir de
agosto, as prefeituras encaminhem para os aterros apenas rejeitos
(para os quais ainda não há reaproveitamento) como papéis higiênicos, absorventes usados, fraldas, entre outros.
Basicamente, são necessárias três caixas plásticas do mesmo tamanho e que se encaixem para montar a composteira. Duas delas precisam ter pequenos furos no fundo e na lateral para ventilação.
Empilhe as caixas, deixando aquela que não possui furos por baixo. A que está na parte superior precisa ser preenchida com uma quantidade de terra contendo
minhocas vermelhas californianas - essa espécie é utilizada devido à sua boa resistência e adaptação ao sistema de compostagem. Além disso, reúna um pequeno estoque
de material orgânico seco: folhas ou serragem, por exemplo. Pronto, agora você já tem todo o equipamento necessário para começar.
A próxima etapa é organizar seus resíduos orgânicos de modo separado. Com uma pequena quantidade acumulada, abra a tampa da composteira montada e coloque o material.
Para manter a ventilação das minhocas, não é indicado espalhar o material por toda a caixa, por isso deixe-o em um canto. Depois, pegue o material orgânico seco e cubra o rejeito:
isso irá afastar insetos indesejados. Siga esse procedimento até encher a caixa. Geralmente, é indicado que ela seja alimentada por cerca de 30 dias.
Depois que a caixa na parte superior estiver cheia, troque-a de lugar com a que está entre a primeira e a terceira na pilha. Encha a nova caixa com as minhocas e continue o processo de despejo dos orgânicos,
encobrindo-os com o material orgânico seco. Durante os próximos 30 dias,
a caixa que está no meio continuará passando pelo processo de compostagem. Quando for trocar as posições das caixas novamente, o material depositado terá se tornado adubo.
Além do adubo sólido, a compostagem gera um adubo líquido natural. Ele se deposita no compartimento localizado na base da estrutura, escorrendo do
processo que acontece nas caixas superiores. Diferente do que acontece nos aterros sanitários, onde o chorume oriundo da decomposição do lixo orgânico
se mistura com outros resíduos contaminantes, na compostagem caseira ele se transforma em um excelente material para pulverização das plantas.
A reciclagem e reaproveitamento de resíduos têm impacto significativo e grande importância para a solução de problemas ambientais contemporâneos com a contribuição direta na redução de
passivos ambientais e prevenção da poluição do solo, rios e lagos provocada por contaminação e descarte incorreto. Com a transformação das características dos resíduos em material rico
em nutrientes, a compostagem promove a valorização de resíduos, antes sem relevância e que seriam destinados a aterros sanitários, em adubos e fertilizantes
orgânicos compostos, exercendo papel importante na preservação do meio ambiente.
Você já conhecia a alternativa da compostagem doméstica e seus benefícios ambientais? A possibilidade de realização do processo - de forma simples e dentro de casa -
provoca uma reflexão acerca de todos os resíduos orgânicos que geramos no dia a dia e que usualmente consideramos apenas como lixo.